Procrastinação: quando adiar vira dor.

6 novembro, 2025



Você sabe o que tem que fazer. Sabe o prazo, sabe o passo, sabe o caminho. E mesmo assim… adia. Adia de novo. Adia mais um pouco. O corpo pesa, a mente foge, a culpa cresce. Ansiedade? Sim. Autocrítica? Muita. Sono ruim, distrações, promessas para “amanhã”. A vida não pausa, mas você fica preso. E dói. Dói porque você quer, mas não começa.

Procrastinação é o adiamento voluntário de uma ação importante, mesmo sabendo que esse atraso vai te prejudicar. Não é preguiça, é falha de autorregulação: você tenta aliviar um desconforto imediato (tédio, medo, frustração) e paga a conta depois. Esse padrão foi descrito em revisões e meta-análises robustas que mostram ligações consistentes com impulsividade, baixa organização e busca de alívio emocional de curto prazo. Historicamente, a questão já aparecia na “akrasia” de Aristóteles (agir contra o que se sabe ser melhor) e o próprio termo vem do latim, “pro crastinus”: para o amanhã. Hoje sabemos que o “conforto agora” costuma vencer o “benefício depois” quando nossas emoções ficam no volante.

Quais as consequências reais? Desempenho cai. Prazo estoura. Notas e resultados sofrem. O estresse aumenta no fim do ciclo e a saúde paga com tensão, pior sono e mais sintomas físicos. A curto prazo você até sente alívio; a longo prazo, vem mais pressão, mais cansaço, mais autocrítica. Estudos longitudinais mostram essa curva: menos estresse no começo, mais estresse e pior saúde no final, além de piores entregas. Em adultos, o padrão se repete com mais estresse, piores hábitos de saúde e pior bem-estar ao longo do tempo. É um ciclo caro.

E a mente? Procrastinação se associa a sintomas de depressão, ansiedade e estresse, além de aparecer com traços de perfeccionismo desadaptativo. Ela também é mais frequente em quem tem sintomas de TDAH, especialmente com desatenção e impulsividade, o que torna o manejo ainda mais desafiador. Importante: procrastinação não define um diagnóstico por si só, mas pode agravar quadros existentes e ser agravada por eles. Cuidar desse emaranhado é parte do tratamento.

Nem tudo que parece procrastinação é procrastinação. Confunde, e muito. Exemplos:

  1. Priorizar de forma deliberada uma demanda mais estratégica e adiar o que é secundário.
  2. Descanso programado para recuperar energia e evitar burnout.
  3. Incubação criativa: deixar a ideia “cozinhar” antes da solução surgir.
  4. Atrasar por prudência ética ou por falta de dados essenciais.
  5. Dizer “não” a tarefas que não são suas, por limites saudáveis.
  6. Respeitar ritmos biológicos (ciclos ultradianos) e fazer pausas.
  7. Convalescença física ou luto, que exigem tempo real de recuperação.
    A diferença? Aqui o adiamento é funcional, consciente, com motivo claro e benefício previsível.

Para quem realmente sofre, a dor é específica. É o loop: desejo alto, ação baixa, culpa alta. O corpo trava, a tela puxa, o relógio corre. Você promete “depois” e se cobra “antes”. O prazer vira anestesia, a obrigação vira ameaça. Você se sente capaz, mas distante da própria capacidade. É exaustivo. É solitário. E é tratável.

Como mudar na prática? Ajuda profissional acelera o processo porque trabalha o que sustenta o adiamento: disparadores emocionais, crenças punitivas, tolerância ao desconforto, organização do ambiente, micro-passos de ação e rituais corporais simples para destravar o começo. Protocolos bem estruturados, com monitoramento de humor, exercícios específicos de foco e treino de tomada de decisão, mostram redução consistente da procrastinação. Dá trabalho, sim. E funciona. Bora dar o primeiro passo agora? Agende sua sessão diagnóstica. Frase de impacto para você guardar: você não é preguiça; você é potência adiada.

 

Posicionamento Pessoal: 3 passos práticos para dizer “não”, definir limites e viver uma vida mais feliz

3 outubro, 2025





Posicionamento é quando a gente assume o próprio rumo. Sem ele, a vida vai empurrando. A gente vai dizendo “sim” quando queria dizer “não”. Vai ficando no “depois eu vejo”. Vai aceitando migalhas. Dói porque cansa. Cansa a mente, cansa o corpo, cansa o coração. E no fim do dia bate aquele vazio: “como é que eu vim parar aqui?”. Pois é. Sem posicionamento, a gente se perde de si. Se perde do que ama. Se perde do que importa.

Mas o que é, afinal, ser uma pessoa posicionada? É clareza. É coerência. É ação com sentido. Pessoa posicionada sabe o que valoriza, define limites, comunica com respeito e escolhe metas que têm a ver com quem ela é. Resultado? Menos ruído, menos drama, menos culpa. Mais autonomia, mais energia, mais pertencimento. Vida com direção. Vida com propósito. Vida com paz.

Por que não nascemos naturalmente posicionados? Porque nosso cérebro quer nos proteger, não nos realizar. Ele evita conflito, rejeição, mudança. Ele busca atalhos emocionais para economizar energia. Medo, culpa, agradar demais, adiar demais — tudo isso “funciona” no curtíssimo prazo, mas rouba potência no longo. E tem mais: regular emoção é difícil; escolher por valores, mais ainda. A mente confunde desejo com obrigação. O corpo sinaliza, a gente ignora. Resultado? A gente se adapta onde não cabe e se sabota onde queria crescer.

Vamos olhar a dor de frente? Não se posicionar é viver no “quase”. Quase conversa. Quase diz. Quase tenta. A cabeça pesa. O peito aperta. O corpo trava. A pessoa vira um “compromisso ambulante” com os outros e uma promessa quebrada consigo. Você já sentiu isso? Aquele sim engolido. Aquele limite não dito. Aquele sonho sempre adiado. Isso corrói. Corrói a autoestima. Corrói a confiança. Corrói a alegria.

Três dicas práticas para começar hoje:

  1. Escolha seus três valores de guia (ex.: saúde, lealdade, crescimento). Escreva. Olhe todo dia. Decisão difícil? Pergunte: “qual opção honra meus três valores?”. Simples. Poderoso.
  2. Defina metas que cabem na sua vida (específicas, datadas e com micropassos). E emende um plano “se-então”: Se for 7h, então caminho 10 minutos. Se alguém pedir algo que me sobrecarrega, então digo “posso te responder amanhã?”. Meta clara + gatilho claro = ação clara.
  3. Use o corpo como aliado. Antes de decidir, 60 segundos de respiração lenta; pés no chão; alinhe a postura; sinta batimentos e tensão. Corpo calmo, mente clara. Decisão melhor. Repetição, repetição, repetição.

E terapia nisso tudo? É o turbo. Desenvolvimento terapêutico dá nome aos seus padrões, fortalece autorregulação e transforma sentimento em escolha. Melhor ainda quando soma o estudo das estruturas psíquicas (como você funciona por dentro) com aprendizados corporais técnicos (interocepção, respiração, ritmos, força, relaxamento). Cabeça entende. Corpo confirma. Hábito consolida. A vida responde.

Resumo: posicionar-se é cuidado com a própria rota. É dizer “eu” sem desrespeitar o “outro”. É alinhar valor, palavra e gesto. Comece pequeno. Comece hoje. Porque uma vida mais feliz não é sorte. É direção. É decisão. É repetição.
Quem não se posiciona, se perde; quem se posiciona, se encontra.


 

Crise da Masculinidade e o Impacto nas Relações Afetivas: causas, efeitos e como virar o jogo

2 outubro, 2025

   

 Vamos falar sem rodeios. Crise da masculinidade é o choque entre um script antigo de “ser homem” (duro, invencível, sempre no controle) e um mundo que mudou. Mudou o trabalho, a família, a sexualidade, o jeito de cuidar. Esse debate ganhou força lá pelos anos 80 e 90, quando pesquisas em gênero e saúde do homem mostraram que o modelo tradicional cobrava um preço alto. Qual preço? Ansiedade. Irritabilidade. Dificuldade de nomear emoções. Vergonha de pedir ajuda. Corpo tenso. Sono ruim. Relações no piloto automático. Dói por dentro e aparece por fora.

     E nas relações, o que isso bagunça? Quase tudo. Relacionar-se não é só “ter alguém”. É co-regular emoção. É conversar sem se atacar. É pedir perdão e reparar. É dividir poder e cuidado. É proximidade sem controle. Isso exige habilidades psíquicas simples de dizer e difíceis de praticar: empatia (sentir com), mentalização (entender o que o outro pode estar sentindo e pensando), regulação emocional (sentir sem explodir), comunicação clara (falar do que importa), responsabilidade afetiva (sustentar o combinado). Sem isso? Curto-circuito. Um fala, o outro fecha. Um sofre, o outro ironiza. Um se aproxima, o outro foge.

E nas relações homoafetivas, onde essa crise aperta?

1. Policiamento de “ser masculino”: pressão para performar “masculinidade” o tempo todo. O afeto vira risco. A vulnerabilidade vira vergonha.

2. Estresse de minoria + ocultação emocional: medo de julgamento externo, somado a regras internas rígidas, derruba a conversa profunda e empurra para a fuga por performance (sexo, trabalho, produtividade).

3. Competição de status dentro do casal: quem manda? quem sente menos? quem “não precisa de ninguém”? Resultado: ciúme alto, silêncio longo, reparo baixo. Amor cansado.

E nas relações heteronormativas, onde costuma estourar? 

1. Comunicação afetiva travada: ele aprendeu a não sentir; ela cansa de convidar para a conversa. Ele teme errar; ela se sente só, acompanhada.

2. Terceirização do cuidado emocional: ele adia terapia e autocuidado; ela vira “gestora” da saúde emocional da casa. Sobrecarga. Ressentimento. Distância.

3. Controle, ciúme e agressividade: quando “ser homem” vira “dominar”, a segurança do vínculo desaba. Cresce a tensão, cresce o medo, encolhe o amor.

Tá… e tem saída? Tem. Um processo terapêutico e de desenvolvimento humano que trabalhe corpo e mente juntos, sem jargão e com método. Na prática, o que a gente faz?

— Traduz emoção em linguagem simples para sua vida real.

— Treina conversas difíceis que não viram briga.

— Mexe nos padrões repetidos (os “sempre” e “nunca”).

— Cria acordos de cuidado e de poder que sejam justos.

— Ensina a regular o fogo por dentro para você não queimar quem ama.

É ciência aplicada ao dia a dia. É clínica pé no chão. É mudança que dá para medir.

Doem as mesmas coisas aí? Discussões repetidas. Silêncios repetidos. Distância repetida. Chega, né? Chega de girar no mesmo lugar. Vem fazer diferente. Comece por um Diagnóstico Terapêutico on-line: mapeamos seu estilo afetivo, seus gatilhos e suas defesas; desenhamos um plano claro de virada, com passos simples e consistentes. Clareza primeiro. Estratégia depois. Ação já.

Ser homem não é aguentar tudo calado. É sentir sem desmoronar. É amar sem dominar. É crescer sem perder quem você é.

 Se fez sentido, eu te acompanho na virada. Agende seu diagnóstico e vamos começar.